Ayrton Senna da Silva

Uma homenagem ao nosso grande ídolo.

Ayrton Senna da Silva

Nascido no dia 21 de março de 1960. Morto, tragicamente, no dia 1º de maio de 1994, durante o GP de San Marino, em Ímola.

Ayrton Senna da Silva começou a correr ainda em sua infância. Mesmo enfrentando um diagnóstico médico que acusava problemas de coordenação motora, seu pai comprou um kart com 1 HP de potência e incentivou o filho a praticar nos finais de semana.

O primeiro kart de competição, com motor de 100cc, ganhou aos dez anos. Porém, precisou esperar até os 13 para poder competir regularmente, ganhando o campeonato sul-americano em 1977. Depois de repetir o título no ano seguinte, seguiu o caminho lógico de todo piloto talentoso, continuando a carreira na Europa. Sempre no karting, conseguiu o sexto lugar no mundial em Le Mans, um resultado excepcional para um corredor com pouca experiência internacional.

Em 1981 foi para Inglaterra. Correu na Fórmula Ford 1600, com um Van Diemen. Competia em duas categorias ao mesmo tempo, e acabou vencendo a ambas.

Em 1983 foi disputar corridas na Fórmula 3 britânica, uma categoria que na época era considerada um teste perfeito para provar a capacidade de qualquer piloto. Dois pilotos eram os favoritos da temporada: Ayrton Senna e o inglês Martin Brundle. Senna acabou ganhando as primeiras nove corridas do ano, mostrando a determinação e a sede de vitórias que seriam a marca registrada da sua futura carreira na F1. No final do ano, a vitória na corrida internacional de Macau, na China, o colocou na mira dos donos das equipes de Fórmula 1. Depois de um abortado interesse da Brabham (que segundo dizem, teria sido vetado por Nélson Piquet, primeiro piloto da equipe, na época), acabou assinando contrato de três anos com a Toleman.

A estréia foi em 1984, no GP do Brasil. Mas foi na corrida das ruas de Mônaco, sob a chuva, que a lenda de Ayrton nasceu. Como a chuva sempre foi uma grande niveladora dos carros de corrida, o brasileiro foi levando sua Toleman cada vez mais perto do primeiro pelotão e, já na sétima volta, estava na sexta posição. Perto do terço final da prova Prost estava em 1º com Senna em 2º, mas com 33.8 segundos desvantagem. Na volta 31, com a chuva caindo muito forte, a diferencia já havia caído para 7.4 segundos quando os comissários determinaram o final da corrida. A vitória lhe foi negada, porém Senna saiu de Mônaco como piloto-revelação, iniciando em seguida conversações secretas com a Lotus para a temporada de 1985.

Apesar das vitórias de Estoril e Bélgica, Senna percebeu que a Lotus já não era a mesma dos tempos de Clark e Emerson e mudou-se para a McLaren na temporada de 1988, onde conquistou seu primeiro título mundial vencendo oito corridas na temporada. Foi uma fase de extrema prodigialidade de Senna, que fazia quase todas as poles possíveis, e vencia mais corridas que seu principal adversário, o francês Alain Prost. Disputando na mesma equipe, os dois começaram a se tornar rivais até fora da pista.

Senna ganhou novamente o título mundial no ano de 1990, feito que repetiu mais uma vez no ano seguinte. Em 1994 saiu da vitoriosa McLaren e foi para a equipe de seus sonhos, a Williams. Sua adpatação ao novo carro, que vinha de uma boa fase, mas penou para engrenar as modificações feitas para essa temporada, se mostrou muito complicada.

O brilho de Senna permaneceu até a trágica corrida de Ímola. Um a um, os recordes foram caindo, tornando o brasileiro um dos maiores e mais carismáticos pilotos de todos os tempos.

Até que chegou a corrida de Ímola. A sombra negra da morte não parou de ficar o tempo todo no ar daquele fim de semana. Nos treinos de sexta-feira um grave acidente, com o também brasileiro Rubens Barrichello, assustou a muitos, e Rubinho não pôde nem disputar o restante dos treinos. No sábado, já nos treinos oficiais, uma fortíssima batida contra um dos muros da pista acabou ceifando a primeira vida: o Ratzemberg, jovem piloto, morreu dentro de seu carro destroçado. A cena foi muito forte, e o treino ficou suspenso por muito tempo, até que os pilotos forçaram o encerramento do treino.

No domingo, dia da fatídica corrida, algo sai errado na entrada da Tamburello. A barra de direção de sua Williams se parte (não há certeza se antes ou depois da batida). O carro de Senna dá uma pequena guinada para o lado da curva e acaba saindo reto. Como a velocidade dos carros naquela curva é muito alta, já que é quase uma reta em curva, o carro de Senna bateu num ângulo muito desfavorável, e a mais de 230 km/h. Uma parte da suspensão de seu carro entrou pelo seu capacete, e feriu o nosso Senna mortalmente.

Um gênio, mas passional e bastante reservado

Adorado pelos fãs das corridas de Fórmula 1, Ayrton Senna era também admirado por sua família. Sua dedicação nas pistas e algumas de suas histórias são relatadas por sua irmã, Viviane, e sua mãe, Neyde, como exemplos da importância que o piloto tinha para seus parentes. Era em Angra dos Reis que o piloto gastava as horas livres que tinha entre o fim de uma temporada e o começo da outra. Onde, segundo sua irmã, gostava de recarregar as baterias. Mas, quando estava em sua cidade natal, São Paulo, o tricampeão cuidava de seus negócios. O piloto zelava pela marca Senna, criada no começo dos anos 90.

Dentro do circo da F-1, o melhor amigo de Senna - e talvez o único amigo verdadeiro - talvez tenha sido o austríaco Gerhard Berger, a quem teve como companheiro de equipe na McLaren durante três temporadas, de 1990 à 1992. O automobilismo era uma profissão para Senna, mas outros esportes estavam entre seus prediletos. Natação, tênis e ciclismo eram alguns exemplos. O futebol, uma das maiores paixões dos brasileiros, no entanto, era impraticável, já que Senna era incapaz de manter a bola sob domínio dos pés.

Apesar de ser uma pessoa bastante discreta e que pouco gostava de falar sobre sua vida pessoal, duas namoradas de Senna ficaram bem conhecidas pelo público. Com a apresentadora Xuxa, o relacionamento durou um ano e seis meses. A última namorada do piloto foi a modelo Adriane Galisteu, com quem a família Senna não tem um relacionamento amistoso até hoje. Ainda assim, Galisteu escreveu um livro - O Caminho das Borboletas -, no qual narra os momentos que viveu ao lado do tricampeão.

Outros três relacionamentos podem ser apontados como determinantes na vida do piloto. Lilian de Vasconcelos, Adriane Yamin e Cristiane Ferracciu são descritas na biografia Ayrton, o herói revelado, num livro lançado em 2004, como personagens marcantes na vida do passional e reservado tricampeão.

O início

Paulistano nascido no tradicional bairro de Santana, filho de um empresário brasileiro, logo se interessou por automóveis. Incentivado pelo pai, um entusiasta das competições automobilísticas, ganhou o seu primeiro kart, feito pelo próprio pai (Sr. Milton), aos quatro anos de idade, e que tinha um motor de máquina de cortar grama. A habilidade do garoto na condução do novo brinquedo impressionou a família. Aos nove anos, já conduzia jipes pelas estradas precárias dentro das propriedades rurais do pai. Começou a competir oficialmente nas provas de kart aos treze anos. Depois de terminar como segundo colocado em várias ocasiões, em 1977 ganhou o Campeonato Sul-americano de Kart. Em 1981 começou a competir na Europa, ganhando o campeonato inglês de Fórmula Ford 1600 e foi campeão europeu e britânico de Fórmula 2000 no ano seguinte. Nessa época adotou o nome de solteira da mãe, Senna, pois Silva é um nome bastante comum no Brasil. Em 1983, Senna ganhou o campeonato inglês de Fórmula 3, depois de muita luta e, muitas vezes controversa, batalha com Martin Brundle. Também triunfou no prestigioso Grande Prêmio de Macau pela Teddy Yip's Theodore Racing Team, diretamente relacionado à equipe que o conduziu à F3 britânica. Neste último campeonato, após várias vitórias em Silverstone, a imprensa inglesa especializada chegou a chamar o circuito de Silverstone em homenagem a Ayrton.

Fórmula 1

Senna atraiu a atenção de diversas equipes de Fórmula 1 como Williams, McLaren, Brabham e Toleman. Ao contrário do que se imagina, seu compatriota brasileiro, Nelson Piquet não se opôs à sua contratação pela Brabham. A patrocinadora da equipe, a Parmalat, tinha mais interesse em ter um piloto italiano na equipe do que ter dois brasileiros, influenciando na decisão da equipe em contratar o piloto italiano Teo Fabi para a temporada. Senna, imaginando que Piquet tinha mais influência na equipe, ficou ressentido declarando em uma entrevista que "Ele (Piquet) não ajudou e nem atrapalhou", dando a entender de que sua ida à Brabham foi vetada pelo então bicampeão mundial.
Assim, das três remanescentes, apenas a pequena Toleman ofereceu a ele um carro para disputar o ano de 1984.

Piloto de pista molhada



Na F1, a corrida sob chuva é considerada um grande equalizador de carros; isto é, o piloto é quem faz a diferença. A velocidade é reduzida e a eventual superioridade de potência também fica em segundo plano. A chuva exige grande esforço e habilidade do piloto em controlar o carro. Senna era, sem dúvida, o melhor de todos sob essas condições. Uma de suas táticas era de, logo no início da chuva, não trocar os pneus pelos de chuva, a época, chamados de pneu biscoito (com sulcos) mas manter-se correndo com pneus slick (lisos). Com isso, apesar de ser muito mais difícil manter o carro na pista, freqüentemente Senna ganhava preciosos segundos à frente dos demais competidores, porque a maioria deles parava nos boxes para troca de pneus. O GP de Mônaco de 1984 marcou a habilidade de Senna nas pistas molhadas. No ano de 1988, Senna passa a ser piloto da McLaren onde conquista seu primeiro título mundial de pilotos vencendo oito corridas na temporada. Ele conquistou depois os títulos de 1990 e 1991 tornando-se Tri campeão Mundial. Teve como maior rival, dentro e fora das pistas, o francês Alain Prost – mesmo sendo companheiros de equipe. O próprio Senna considerava o francês um dos melhores pilotos de todos os tempos na F1. O maior amigo que Senna teve na F1 foi o austríaco Gerhard Berger, companheiro de equipe na McLaren. Quando conquistou o Bi Campeonato, na última volta, Senna estava em primeiro lugar e Berger em 2º. Nas últimas curvas, Senna mandou Berger ultrapassa-lo, pois o 2º lugar também dava o título ao brasileiro. Como Berger não havia conquistado nenhuma vitória na temporada, Senna “presenteou” o companheiro com esta vitória.

1984 - Toleman




Toleman TG184 de Senna à mostra em Donington Grand Prix Collection







Senna marcou seu primeiro ponto no campeonato mundial de pilotos logo no segundo grande prêmio que disputou, em Kyalami na África do Sul. Ele repetiu o resultado duas semanas depois, no Grande Prêmio da Bélgica, disputado no circuito de Zolder. Uma semana depois, o piloto brasileiro não conseguiu tempo para o Grande Prêmio de San Marino. Foi a única vez na carreira que isso aconteceu.

Mas sua performance no GP de Mônaco em 1984 trouxe-lhe todas as atenções das demais equipes. Classificou-se em 13º no grid de largada e fez um rápido progresso através das estreitas ruas de Monte Carlo. Na volta 19, passou Niki Lauda que estava em segundo, e começou a ameaçar o líder Alain Prost, e continuou por várias voltas lutando pelo primeiro lugar com seu limitado Toleman. A esta altura já chovia muito no circuito e a corrida foi interrompida na volta 31 por razões de segurança. Senna chegou a comemorar a vitória ultrapassando Alain Prost a poucos metros da linha de chegada mas, nesses casos, o regulamento mandava considerar as colocações da volta anterior e, ainda, por ter sido interrompida com mais da metade da corrida, os pontos deveriam ser computados pela metade (ver curiosidades).

Senna ainda ganhou dois pódiums naquele ano - terceiro no Grande Prêmio da Inglaterra, em Brands Hatch, e no GP de Portugal, em Estoril. Isso o deixou empatado com Nigel Mansell com 13 pontos, apesar de ter perdido o GP da Itália quando a Toleman o suspendeu de correr por quebra de contrato, depois dele ter assinado com a Lotus para o ano de 1985.

Ainda em 1984 Senna tomou parte nos 1000 km de Nürburgring, onde pilotou o Porsche 956 para o oitavo lugar, correndo em parceria com Henri Pescarolo e Stefan Johansson.

Também participou de uma corrida de exibição para celebrar a inauguração do novo circuito de Nürburgring. A maioria dos melhores pilotos da F1 participaram do evento, dirigindo carros Mercedes 190e 2.3-16 idênticos. Senna venceu Lauda e Carlos Reutemann.

1985/1987 - Lotus

Na Lotus, em 1985, ele tinha como parceiro o italiano Elio de Angelis. Senna marcou sua primeira pole position na abertura da temporada no Brasil, no circuito de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, mas abandonou a prova devido a problemas elétricos. Na segunda corrida do ano, o GP de Portugal, disputado no autódromo de Estoril, em 21 de abril de 1985, conseguiu sua primeira vitória na Fórmula 1, largando na pole position sob pesada chuva. Prost, em segundo, abandonou depois de bater no muro. Senna conseguiu sua segunda vitória, também sob chuva, no GP da Bélgica, no circuito de Spa-Francorchamps. Graças ao excelente motor Renault de treinos, Senna passaria a ser o "rei das pole positions". Mas, nas pistas, ele não terminou a maioria dos grandes prêmios. Encerraria o ano com uma corrida marcante no GP da Austrália, quando repetiu seu ídolo Gilles Villeneuve e pilotou um bom tempo sem o bico do carro, saindo várias vezes da pista mas mantendo a segunda posição. O carro mais uma vez não aguentou o esforço e Senna abandonou a corrida. Senna terminou a temporada de 1985 em quarto lugar no Campeonato Mundial de Pilotos, com 38 pontos e seis podiums (duas vitórias, dois segundos e dois terceiros lugares), além de sete pole positions.




Senna pilotando para a Lotus no GP da Inglaterra de 1986, em Brands Hatch.






Em 1986, Ayrton escolheu Scot Johnny Dumfries como parceiro, vetando o inglês Derek Warwick sob a alegação de que a Lotus não tinha condições de manter carros competitivos para dois pilotos de ponta ao mesmo tempo.

A nova Lotus 98T mostrou ser mais confiável em 1986 e a temporada começou bem para Senna, terminando em segundo a corrida vencida pelo também brasileiro Nelson Piquet, numa dobradinha caseira, no GP do Brasil em Jacarepaguá. Reconhecendo estar com um carro inferior aos das Williams e McLaren, Senna passou a adotar uma estratégia de não parar para trocar pneus, buscando ficar na frente dos adversários o maior tempo possível. Com essa tática ele passou a liderar o campeonato pela primeira vez na carreira, depois de vencer o GP da Espanha, em Jerez de la Frontera, no qual bateu a Williams de Nigel Mansell por 0,014s - uma das menores diferenças de chegada da história da F1.

Mas a liderança do campeonato não foi mantida por muito tempo já que Senna abandonou diversas outras corridas por problemas mecânicos. A caça ao primeiro título mundial acabou sendo uma luta entre Prost e sua McLaren-TAG e a dupla Piquet e Mansell da Williams-Honda.

Na Hungria, um circuito ainda mais travado (que não permitia ultrapassagens), repetiu uma vez mais a estratégia, mas foi ultrapassado por Nelson Piquet, numa das mais sensacionais manobras da história da Fórmula 1 moderna.

Ainda nesse ano, Senna se tornaria definitivamente um ídolo no Brasil ao conquistar sua segunda vitória na temporada no GP dos Estados Unidos, disputado em Detroit, e terminou o campeonato novamente na quarta colocação, com 55 pontos, oito poles e seis pódiums.

O ano de 1987 veio com muitas promessas de dias melhores. A Lotus tinha agora o mesmo poder dos motores Honda das Williams depois que a Renault decidira se retirar do esporte. Depois de um começo lento, Senna ganhou duas corridas em seguida: o prestigioso GP de Mônaco (a primeira do recorde de seis vitórias no principado) e o GP dos Estados Unidos em Detroit, também pelo segundo ano seguido, e mais uma vez chegou à liderança do campeonato. Nesse momento, a Lotus-Honda 99T parecia ser mais ou menos igual aos ótimos Williams-Honda, mais uma vez pilotados por Piquet e Mansell. Mas apesar da performance do 99T, que usava a tecnologia da suspensão ativa, as Williams FW11Bs de Piquet e Mansell eram ainda carros a serem batidos. A diferença entre as duas equipes nunca foi tão evidente quanto no GP da Inglaterra de 1987, em Silverstone, onde Mansell e Piquet voaram sobre as Lotus de Senna e seu parceiro, Satoru Nakajima. Depois de rodar na pista devido a uma falha na embreagem a três voltas do final no GP do México, Senna ficou fora da luta pelo campeonato, deixando Piquet e Mansell brigando por ele nas últimas duas corridas.

Mansell feriu-se nas costas em um grave acidente durante os treinos para o GP do Japão de 1987, em Suzuka, deixando o campeonato nas mãos de Piquet. Entretanto, isso significava que Senna poderia terminar a temporada em segundo lugar se ele terminasse a corrida entre os três primeiros nas duas corridas que faltavam - Japão e Austrália. Ele terminou as duas em segundo, mas as medições feitas no carro depois do GP da Austrália constataram que os dutos dos freios eram mais largos do que o permitido pelo regulamento e Senna foi desclassificado, dando à Lotus a sua última bem sucedida temporada. Ele acabou classificado em terceiro na colocação final, com 57 pontos, uma pole e oito pódiuns (duas vitórias, quatro segundos e dois terceiros). Essa temporada marcou uma reviravolta na carreira de Senna depois dele ter construído uma profunda relação com a Honda, que lhe rendeu grandes dividendos. Ayrton foi contratado pela McLaren que acertou com a Honda o fornecimento de motores V6 Turbo para 1988.

1988/1993 - McLaren

Em 1988, as McLaren-Honda ostentavam os números 11 e 12, desta vez com a dupla Alain Prost e Ayrton Senna. A feroz competição entre Senna e Prost fez rachar a relação entre os dois e culminou com um alto número de dramáticos acidentes entre eles. A dupla venceu 15 das 16 corridas disputadas, com predomínio total da McLaren MP4/4 em 1988, e Senna conquistou seu primeiro campeonato mundial.



Senna pilotando a McLaren em 1988.




Senna dirigia a McLaren MP em 1989. Nesse ano, a rivalidade entre ele e Prost intensificou as batalhas na pista e uma grande guerra psicológica. Prost conquistou o tri-campeonato em 1989 depois de uma colisão com Senna durante o GP do Japão, em Suzuka, penúltima corrida da temporada, e que Senna precisava vencer para ter chances de conquistar o campeonato mundial. Senna tentou ultrapassar Prost na chicane, os dois "tocaram" os pneus e foram para fora da pista com os carros entrelaçados. Senna retornou à pista auxiliado pelos fiscais, que empurraram seu carro pois o motor havia apagado e ele foi direto aos boxes para reparar o bico do carro danificado na manobra. Voltando à pista, tirou a liderança de Alessandro Nannini, da Benetton, e chegou em primeiro, sendo desclassificado pela FIA por cortar a chicane depois da colisão com Prost. A penalização e a suspensão temporária de sua superlicença - que é a habilitação de um indivíduo para pilotar carros de F1 - fez com que Senna travasse uma batalha de palavras com a FIA e seu presidente Jean-Marie Balestre.

Em 1990, no mesmo circuito e com os dois pilotos novamente disputando o título mundial, Senna tirou a pole de Prost. A Ferrari de Prost fez uma largada melhor e pulou à frente da McLaren de Senna, que antes mesmo da largada havia declarado que não permitiria uma ultrapassagem de Prost. Na primeira curva, Senna tocou a roda traseira de sua McLaren na Ferrari de Prost a 270 km/h (170 mph), levando os dois carros para fora da pista. Ao contrário do ano anterior, desta vez o abandono dos pilotos deu a Senna o seu segundo título mundial.

Um ano mais tarde, depois de conquistar seu terceiro título mundial, Senna explicou à imprensa o que acontecera no ano anterior em Suzuka. Ele tinha como prioridade conseguir a pole pois havia recebido informações seguras de que esta mudaria de lado, passando para a esquerda, o lado limpo da pista, somente para descobrir que essa decisão havia sido revertida por Balestre depois que ele conquistara a pole. Explicando a colisão com Prost, Senna disse que queria deixar claro que ele nunca iria aceitar as decisões injustas de Balestre, incluindo a sua desclassificação em 1989 e a pole de 1990:

"Eu acho que o que aconteceu em 1989 foi imperdoável e eu nunca irei esquecer isso. Eu me empenho em lutar até hoje. Você sabe o que aconteceu aqui: Prost e eu batemos na chicane, quando ele virou sobre mim. Apesar disso, eu voltei à pista, ganhei, e eles decidiram contra mim, o que não foi justo. E o que aconteceu depois foi "teatro", mas eu não sei o que pensei. Se você faz isso, você será penalizado, multado e talvez perca sua licença. Essa é a forma correta de trabalhar? Não… Em Suzuka no ano passado eu pedi aos organizadores para trocar o lado da pole. Não foi justo, porque o lado direito é sempre o sujo. Você se esforça pela pole e é penalizado por isso. E eles dizem: "Sim, sem problema." E depois o que acontece? Balestre dá a ordem para não mudar nada. Eu sei como o sistema funciona e eu pensei que foi mesmo uma m****. Então eu disse a mim mesmo: "Ok, aconteça o que acontecer, eu vou entrar na primeira curva antes - Eu não estava preparado para deixar o outro (Alain Prost) chegar na curva antes de mim. Se eu estou perto o suficiente dele, ele não poderá virar na minha frente - e ele será obrigado a me deixar seguir." Eu não me importo em bater; eu fui para isso. E ele não quis perder a chance, virou e batemos. Foi inevitável. Tinha que acontecer. "Então você deixou isso acontecer", alguém diria. "Por que eu causaria isso?“. Se você se ferrar cada vez que estiver fazendo o seu trabalho limpo, conforme o sistema, o que você faz? Volta para trás e diz "Obrigado"? De jeito nenhum! Você deve lutar para o que você acha que é certo. Se a pole estivesse colocada na esquerda, eu teria chegado na frente na primeira curva, sem problemas. Que foi uma péssima decisão manter a pole na direita, e isso foi influenciado pelo Balestre, isso foi. E o resultado foi que aconteceu na primeira curva. Eu posso ter contribuído, mas não foi minha responsabilidade".

Em 1992, Senna estava determinado a vencer apesar do desânimo na McLaren com as Williams FW14B, o melhor carro da temporada. Senna chegou até a cogitar correr na fórmula Indy. O novo carro da McLaren, o modelo MP4-7A, para a temporada, tinha diversas falhas.

Houve um atraso em fazer o novo carro (ele estreou na terceira corrida, no GP do Brasil) além da carência de confiabilidade da suspensão ativa, que deixava o carro imprevisível nas curvas rápidas, enquanto os motores Honda V12 não eram os mais potentes. Senna venceu em Mônaco, Hungria e Itália naquele ano, e acabou o campeonato num modesto quarto lugar perdendo o terceiro para Michael Schumacher na última corrida.

Senna demorou muito a decidir o que fazer em 1993 e chegou ao final do ano sem ser contratado por nenhuma equipe. Ele sentiu que os carros da McLaren não seriam competitivos, especialmente depois que a Honda resolveu se retirar da F1 no final de 1992, e não poderia ir para a Williams enquanto Prost estivesse por lá, pois o contrato dele proibia a equipe de ter Senna como seu parceiro.

Ron Dennis, chefe da McLaren, estava tentando assegurar um fornecimento de motores Renault V10 para 1993. Com a recusa da Renault, a McLaren foi obrigada a pegar os motores Ford V8 como um cliente comum. Dessa forma, a McLaren recebeu versões de motores mais velhas do que os clientes preferenciais da Ford, como a Benetton, e tentou compensar essa deficiência de potência com mais tecnologia e sofisticação, inclusive um sistema efetivo de suspensão ativa. Dennis finalmente persuadiu Senna a voltar para a McLaren, mas o brasileiro concordou somente em assinar para a primeira corrida da temporada, na África do Sul, onde ele iria verificar se os carros da McLaren eram competitivos o bastante para lhe proporcionar uma boa temporada.

Senna concluiu que esse novo carro tinha um surpreendente potencial mas ainda estava abaixo da potência, e não seria páreo para a Williams-Renault de Prost. Senna decidiu não assinar por uma temporada e sim por cada corrida a ser disputada. Eventualmente ele poderia permanecer por um ano, apesar de que algumas fontes afirmarem que isso foi mais um jogo de marketing entre Dennis e Senna.

Depois de terminar em segundo na corrida de abertura da temporada na África do Sul, Senna ganhou os GPs do Brasil e da Europa, na chuva. Esta última é freqüentemente lembrada como sendo uma de suas maiores vitórias na F1. Ele largou em quarto e caiu para quinto na primeira curva, mas já estava liderando antes da primeira volta ser completada. Alguns pilotos precisaram de sete pit stops para trocar os pneus de chuva/lisos dependendo das mudanças climáticas ao longo da corrida. Senna foi segundo na Espanha e quebrou o recorde de seis vitórias em Mônaco, o que lhe fez jus ao antigo apelido de Graham Hill: Mister Mônaco. Depois de Mônaco, a sexta corrida da temporada, Senna liderou o campeonato à frente da Williams-Renault de Prost e da Benetton de Michael Schumacher, apesar da inferioridade dos motores da McLaren. A cada corrida, as Williams de Prost e Damon Hill mostravam a superioridade, com Prost caminhando para o campeonato enquanto Hill mantinha os segundos lugares. Senna concluiu a temporada e sua carreira na McLaren com cinco vitórias (Brasil, Europa, Mônaco, Japão e Austrália) e ficou com a segunda colocação na classificação geral. A penúltima corrida da temporada foi marcada por um incidente entre Eddie Irvine e Senna, iniciado numa manobra de Irvine. O brasileiro, inflamado, foi aos boxes da equipe Jordan e socou o irlandês.